Os atuais processos burocráticos envolvendo a construção civil no País fazem com que o consumidor final pague de 12% a 18% a mais na hora de comprar um imóvel. A informação consta em um estudo encomendado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) e repercutiu, na manhã do dia 5, na abertura do Brasil em Debate, fórum nacional de ideias que trará a Fortaleza, até o fim deste ano, diversas discussões ligadas ao segmento.

Brasil em Debate
Foto: Alex Costa

Ganharão destaque temas como os rumos da política e suas consequências na economia, as perspectivas macroeconômicas e o reposicionamento do setor da construção civil como promotor do desenvolvimento social e econômico brasileiro.

Segundo pesquisa realizada pela consultoria internacional Booz & Company, o Brasil perde R$ 18 bilhões e 80 mil moradias a cada ano por conta de questões burocráticas. A lentidão nos processos, além de gerar custos extras ao consumidor, também estica o prazo de entrega dos imóveis para, em média, 60 meses. Tempo que, não fosse pela burocracia, seria de 32 a 38 meses.

Entre os principais problemas, estão o atraso na liberação de alvarás para a construção dos empreendimentos e a não padronização de procedimentos nos cartórios. Há, ainda, a insegurança jurídica nos negócios ocasionada pela atual legislação e a necessidade de uma reforma tributária e trabalhista favorável ao setor.

Organização

O Brasil em Debate é organizado pela Cooperativa da Construção Civil do Ceara (Coopercon-CE) e pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE). A abertura do evento ocorreu no Lulla’s Plazzá Buffet, bairro Água Fria. O presidente da Coopercon-CE, Marcos Novaes, explica que o grande objetivo da ação é colocar o setor da construção civil no eixo do debate nacional sobre os rumos no Brasil no que se referente ao desenvolvimento.

“Nosso segmento tem uma participação ativa na economia, gerando empregos, construindo escolas e hospitais, por exemplo, e reduzindo o déficit habitacional do Brasil. Contudo, ao mesmo tempo que temos essa grande representatividade na economia do Estado, a atenção dos governos a nossos pleitos não tem a mesma proporcionalidade”, declara Novaes.

Retorno

Para o presidente do Sinduscon-CE, André Montenegro, a construção civil, à medida em que está em atividade, gera um retorno imediato à economia de todo o País. Por isso, Montenegro defende que as esferas federal, estadual e municipal precisam dar uma maior representatividade ao setor. “Não podemos simplesmente passar às margens das políticas públicas, da formação das leis de acordo com nossa realidade. Temos, por exemplo, a cota para deficientes, em que as empresas que têm de 100 a 200 funcionários devem reservar 2% das vagas para deficientes físicos. Na construção civil, nunca conseguimos ocupar as vagas e ainda sofremos multas trabalhistas”, afirma o presidente do Sinduscon-CE.

Demanda reprimida chega a 120 mil imóveis na RMF

Estima-se que, em Fortaleza e região metropolitana, a demanda reprimida por imóveis seja de 120 mil unidades, o que descarta a ideia de “bolha” imobiliária na Capital cearense, como explica o presidente eleito da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Beto Studart.

De acordo com ele, atualmente, o grande desafio das construtoras e incorporadoras que atuam na Capital cearense é entender o perfil dos consumidores que integram essa demanda reprimida para, consequentemente, construir os tipos certos de empreendimentos.

“As construtoras precisam de uma nova visão, pesquisar o mercado para entender a atual demanda, sempre priorizando a inovação tecnológica. A maioria dos imóveis de Fortaleza estão sendo vendidos para quem realmente vai morar, mudar de endereço e padrão social, e não mais para investidores”, destaca Beto Studart, que também é presidente do Grupo BSPar.

Perfil

De acordo com o Sindicato da Indústria da Construção do Ceará (Sinduscon-CE), a média do valor do imóvel mais procurado na Capital e região metropolitana, atualmente, se situa na faixa de R$ 200 mil.

Os compradores, no geral, buscam apartamentos compactos, com dois quartos, e que possam ser financiados por meio do governo federal, com incentivos do Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV).

Programação

O palestrante do evento que abriu o Brasil em Debate, nessa segunda-feira (5), foi o economista e apresentador de televisão Ricardo Amorim.
Até dezembro deste ano, outros debates contarão com a presença de personalidades como: Eduardo Campos, pré-candidato à Presidência da República; Henrique Meireles, ex-presidente do Banco Central; e Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente do Brasil. (RS)

Fonte: Diário do Nordeste