Hábitos saudáveis devem ser cultivados desde a gestação a fim de prevenir distúrbios alimentares

É no aconchego do útero materno que o bebê irá desenvolver o seu paladar, um dos cinco sentidos vitais do ser humano. Ao formar as papilas gustativas ele terá os primeiros contatos com os diferentes sabores: doces, amargos e salgados, conduzidos por meio do líquido aminiótico, explica a nutricionista do Instituto da Primeira Infância (Iprede), Liana Teixeira. Mas isto é só o começo da trajetória que irá definir as preferências alimentares nas outras fases da vida. Dependendo da postura da mãe, o resultado poderá ser benéfico ou não.

Após o nascimento da criança, começa então uma nova etapa. Até completar os seis meses de vida, recomenda-se apenas o leite materno, nada mais. Além do vínculo afetivo que é fortalecido neste momento, o gosto pelos alimentos também está sendo definido.

“Um bebê amamentado pela mãe absorve tudo. Quando ela come cebola, alho, frutas e verduras, por exemplo, a criança está experimentando diferentes sabores, mesmo que de forma indireta”, explica o pediatra e homeopata Rivaldo Cunta. O mesmo não acontece com o leite artificial, pois ele é sempre o mesmo, não muda nunca. Pode então, começar aí, a falta de interesse das crianças pelos sabores diferenciados.

Cores, sabores e texturas

Após os seis meses, aí sim está na hora de inserir novos alimentos na dieta. Neste momento é importante apresentar o máximo de sabores, cores e texturas para estimular os outros sentidos. Esta transição precisa de certa paciência e também de conhecimento para que não haja um efeito contrário.

Ao listar os alimentos do cardápio, Dr. Rivaldo orienta a distribuição dos alimentos compostos por arroz branco com integral (em partes iguais), feijão, legumes, verduras e carne, esta que pode ser substituída por queijo ou ovo (meia gema). Frituras e doces são descartados, devendo consumir o açúcar natural das frutas, inclusive as desidratadas.

A nutricionista Renata Avelar Menezes, especialista em nutrição pediátrica e escolar pela Universidade Gama Filho, recomenda o método “Desmame guiado pelo bebê” (BLW=Baby-Led Weaning), ainda pouco divulgado no Brasil. A proposta consiste na introdução do alimento sólido, e não em forma de papa, entregando nas mãos do bebê pedaços grandes de frutas e legumes para que ele conheça a textura e o sabor. Mesmo assim certos pais não utilizam o método alegando medo de o bebê se engasgar. Renata explica que na dieta pastosa a criança não consegue desenvolver o paladar, logo terá dificuldade para distinguir os alimentos. Muitas vezes isso acaba dificultando a mastigação, ocasionando ainda a flacidez muscular facial, comprometendo em alguns casos a fala.

Como profissional e mãe, Renata considera importante o desenvolvimento da autoalimentação, mas reconhece que, se depender apenas do bebê, pode ocorrer a ingestão inadequada dos nutrientes. Por este motivo, prefere trabalhar de forma mista, oferecendo comidinhas em pedaços bem pequenos e entregando os maiores na mão do bebê. “Incentivo os pais com o método para que a criança crie autonomia e afaste a seletividade e recusa alimentar futuras”, justifica

Tudo parte da educação

Se parte dos problemas pode ser evitada ainda na barriga da mãe, porque se fala tanto em reeducação alimentar? Esta é a grande questão, segundo o psiquiatra Fábio Gomes de Matos e Souza, coordenador do Centro de Tratamento de Transtornos Alimentares (Cetrata), da Universidade Federal do Ceará. “Como é que eu posso reeducar se sequer essa sociedade foi educada?”.

Como prova disto, o médico sugere que, na hora das refeições, passemos a questionar, com quem preparou o alimento, quantas calorias têm, adiantando que a maioria não saberá responder. “A sociedade não é educada em relação às calorias. Então, a seletividade deve ser sempre, se for saudável, referência do que a gente chama de pirâmide alimentar”, diz.

Cristina Pioner
Especial para o Vida

Fonte: Diário do Nordeste

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